O Poder Terapêutico da Música

De Mozart à Beethoven — Ressonância Acústica no Combate ao Câncer

Por Eric Herrero

Há séculos sabe-se que a música é capaz de tocar a alma, provocar emoções e marcar memórias - dias atrás, escrevi sobre Platão e a preocupação com a música oferecida ao povo.. mas... e se ela também pudesse curar?

Estudos recentes vêm revelando que a música não apenas comove — ela transforma processos biológicos profundos, com impactos que vão da saúde intestinal à destruição de células cancerígenas!

Mozart e a Saúde Intestinal

Pesquisadores do International Journal of Molecular Sciences investigaram os efeitos da famosa Sonata para Dois Pianos em Ré Maior, K. 448, de Mozart, sobre a saúde intestinal de camundongos. Os animais foram expostos à música em diferentes tonalidades, e a tonalidade original (Ré maior) revelou efeitos surpreendentes, como a melhora na integridade da barreira intestinal, redução da permeabilidade e aumento da produção de imunoglobulinas essenciais (IgA e IgG). Além disso, a microbiota intestinal foi modulada positivamente, com maior presença de Lactobacillus e melhor equilíbrio entre Firmicutes e Bacteroidota.

Outro estudo, desta vez com suínos, indicou que a exposição contínua à música de Mozart elevou a resposta imunológica dos animais, com aumento de marcadores como a interleucina-2 e o interferon-gama. Os suínos também apresentaram comportamentos mais calmos e lúdicos, sugerindo efeitos positivos no bem-estar e no sistema imunológico.

A Ressonância Acústica contra o Câncer

Em outra frente, cientistas vêm desenvolvendo tecnologias baseadas em ressonância acústica para o combate ao câncer. A técnica conhecida como oncotripsia utiliza frequências específicas de ultrassom para romper seletivamente células cancerígenas, sem danificar células saudáveis. Isso é possível porque as células tumorais possuem propriedades mecânicas distintas que as tornam mais suscetíveis a vibrações de determinadas frequências.

Complementando essa linha de pesquisa, a tecnologia histotripsia — já aprovada pela FDA nos Estados Unidos — vem sendo utilizada para destruir tumores hepáticos através de ondas ultrassônicas de alta intensidade que criam microexplosões (nuvens de bolhas) capazes de dissolver o tecido tumoral de forma não invasiva. Além de eliminar as células doentes, a histotripsia pode ainda estimular o sistema imunológico ao liberar antígenos tumorais ocultos, potencializando respostas imunológicas anticâncer.

A Música no Cuidado Amplo Cuidado à Saúde

Além desses estudos pioneiros, os benefícios terapêuticos da música se estendem a diversas áreas da saúde:

Redução do estresse e da ansiedade, com menor produção de cortisol;

Melhoria do humor, graças à liberação de dopamina;

Aprimoramento cognitivo, com ganhos em memória e criatividade;

Facilitação do sono, promovendo maior qualidade de descanso;

Alívio da dor, já aplicado em pós-operatórios e cuidados paliativos;

Fortalecimento de vínculos sociais, por meio da prática musical coletiva.

Essas evidências revelam um universo promissor onde a arte encontra a ciência. A música deixa de ser apenas entretenimento e se torna aliada da medicina integrativa, promovendo saúde física, emocional e espiritual. Em tempos em que buscamos práticas mais humanas e completas para o cuidado com o corpo e a alma, talvez a resposta esteja, literalmente, no ar — nas ondas invisíveis de uma melodia.

Para quem deseja experimentar por si mesmo os efeitos dessas obras-primas, recomendo ouvir a Sonata para Dois Pianos em Ré Maior, K. 448, de Mozart, disponível em:

https://youtu.be/tT9gT5bqi6Y, e a Quinta Sinfonia de Beethoven, cuja força rítmica e poder vibracional podem ser apreciados em:

https://youtu.be/yeNvVtAPZxE. Permita-se mergulhar nesse universo de sons que curam, emocionam e, agora sabemos, também podem transformar.