Comer com os Olhos

A Era dos Espetáculos Gastronômicos: Comer com os olhos (e com o coração)

Por Carlos Mugnaini

Vivemos uma revolução silenciosa — mas absolutamente deliciosa — no setor de turismo e hospitalidade: a gastronomia deixou de ser uma simples necessidade para se tornar protagonista da experiência. Em tempos de economia da atenção, não basta que a comida seja boa. Ela precisa emocionar, contar histórias, gerar impacto sensorial e afetivo. Precisa entreter — e tocar o coração.

É nesse contexto que nasce o espetáculo gastronômico. Não falamos apenas de pratos fotogênicos no Instagram, mas de menus com enredo, chefs como maestros e cozinhas que se transformam em palcos. Comer virou evento. E um jantar pode, sim, ser o ponto alto de uma viagem. E isso muda tudo.

Na hotelaria de alto padrão e em novos conceitos de entretenimento, como o Roxy Dinner Show, a experiência do cliente começa com o mise en scène, atravessa o olfato, o paladar e a visão, e culmina na memória afetiva. Um prato bem executado alimenta. Mas um prato que emociona, fideliza. Quem nunca foi transportado ao passado pelo aroma de uma receita da infância? Ou se surpreendeu com uma apresentação tão bela que hesitou em dar a primeira garfada?

A evolução dessa tendência pode ser percebida em modelos de sucesso como:

• 🍽 Jantares imersivos com realidade aumentada, como o Le Petit Chef, presente em mais de 50 cidades no mundo, onde projeções transformam a mesa em teatro;

• 🔪 Cozinhas show abertas ao público, onde o preparo vira parte essencial da experiência, criando uma conexão entre chef e comensal;

• 📖 Menus com storytelling, em que cada prato representa um capítulo de uma narrativa cultural, afetiva ou histórica;

• 🍸 Mixologia performática, que transforma o ato de servir um drink em um espetáculo de luzes, aromas e narrativa sensorial.

Essas experiências ganham ainda mais força quando somadas ao turismo. Segundo relatório da Organização Mundial do Turismo (OMT), mais de 70% dos viajantes consideram a gastronomia um fator central na escolha de destinos. No Brasil, dados do Ministerio do Turismo apontam que culinária e cultura local são os dois principais interesses de turistas estrangeiros no país, superando até mesmo sol e praia em algumas regiões.