Rio de Janeiro pode ganhar a “Cidade dos Blocos”, espaço permanente para o Carnaval

Projeto busca descentralizar a folia, criar infraestrutura fixa e manter a cultura carnavalesca viva durante todo o ano

O Rio de Janeiro, conhecido mundialmente como a capital do Carnaval, pode ganhar em breve um espaço dedicado exclusivamente à maior festa popular do país. O projeto, batizado de “Cidade dos Blocos”, pretende oferecer uma estrutura permanente para ensaios, oficinas, apresentações culturais e eventos ligados ao universo carnavalesco.

A proposta surge em meio a debates sobre os desafios enfrentados pelos blocos de rua. Burocracia, custos elevados e dificuldades logísticas têm impactado a realização de desfiles, especialmente nos bairros mais afastados da Zona Sul e do Centro. A ideia da Cidade dos Blocos é descentralizar a folia, democratizar o acesso e garantir condições adequadas para artistas, músicos e foliões durante todo o ano.

Segundo articuladores do projeto, o espaço funcionaria como um grande centro cultural, com galpões para ensaios, palcos para shows, áreas de oficinas e feiras de adereços, além de espaços gastronômicos. O objetivo é que os blocos não dependam exclusivamente do período carnavalesco para manter sua atividade cultural.

Inspirado em experiências bem-sucedidas

A iniciativa se inspira em modelos como a Cidade do Samba, que abriga barracões das escolas do Grupo Especial, e na Casa Bloco, projeto que promoveu encontros e apresentações de blocos durante o Carnaval, reunindo diferentes manifestações culturais em um único local. A diferença é que a Cidade dos Blocos seria voltada exclusivamente para o Carnaval de rua e seus desdobramentos.

Benefícios para a economia criativa

O projeto também pretende aquecer a economia criativa, gerando emprego e renda para músicos, artesãos, figurinistas, coreógrafos e produtores culturais. “O Carnaval não é apenas uma festa, é uma cadeia produtiva poderosa que movimenta milhões. Um espaço permanente garante trabalho e visibilidade para quem vive dessa arte”, destaca um dos idealizadores.

Desafios no caminho

Entre os principais obstáculos estão o financiamento e a definição do local. A expectativa é que a proposta conte com parcerias público-privadas e incentivos via leis de cultura. Também será necessária uma gestão colaborativa, envolvendo blocos, associações, artistas e órgãos públicos para garantir transparência e participação.

Descentralização e inclusão

Outro ponto central é a descentralização. A Cidade dos Blocos deverá se integrar ao programa da Prefeitura para revitalizar o Carnaval nos bairros, levando atividades culturais para regiões tradicionalmente excluídas do circuito oficial. “O objetivo é democratizar a festa e permitir que todos tenham acesso à cultura, sem precisar enfrentar deslocamentos longos”, afirmam representantes do setor.

Carnaval o ano inteiro

Com a Cidade dos Blocos, o Rio teria a oportunidade de manter viva sua maior marca cultural não apenas em fevereiro, mas ao longo de todo o ano. Além de ser um atrativo turístico permanente, o espaço se consolidaria como símbolo da resistência e da reinvenção da folia carioca.