
O retorno dos clássicos e o valor da memória no entretenimento
- Turismo News
- há 7 dias
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Por Carlos Mugnaini
Em tempos de telas aceleradas, clipes de 15 segundos e músicas feitas para viralizar, um movimento silencioso — mas poderoso — vem ocupando palcos e corações Brasil afora: a volta triunfal dos grandes nomes da música popular. Aqui os shows de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, entre tantos outros ícones do passado recente, têm arrastado multidões. E não apenas os nostálgicos — mas também uma nova geração sedenta por significado.
Ontem mesmo, acompanhei de perto no Festival de Inverno do Rio um show de Caetano Veloso, que foi simplesmente arrebatador. Com lotação máxima, o público se entregou a um espetáculo que foi ao mesmo tempo lindo, poético e político. Caetano foi Caetano: provocador, sensível, preciso nas palavras e na música. Um artista que transcende o palco — ele conduz o público por uma jornada que mistura história, crítica e beleza, sem nunca abrir mão da emoção. Não me contive aos sentimentos!
Mas o que está por trás dessa crescente procura pelos clássicos? A resposta não é simples, mas carrega nuances que merecem reflexão.
Vivemos uma era em que o digital domina a forma como consumimos arte e entretenimento. Ainda assim, nunca foi tão urgente o desejo por experiências autênticas, verdadeiras e humanas. Em meio a tantas ofertas rasas, as pessoas buscam profundidade — e encontram isso no repertório desses artistas, que ao longo das décadas cantaram o amor, a política, a liberdade e a alma brasileira com poesia e coragem.
Há também uma dimensão afetiva nesse reencontro com os clássicos. As músicas que marcaram gerações voltam a embalar encontros, jantares, lembranças e sonhos. São canções que moram na memória — e que, ao serem revividas ao vivo, despertam emoções profundas. Para os mais velhos, é uma volta no tempo. Para os jovens, uma descoberta genuína daquilo que seus pais e avós chamavam de “obra-prima”.
Esse movimento também nos convida a refletir sobre o valor do legado artístico. Enquanto muitos artistas e marcas vivem reféns da “tendência do momento”, Caetano, Gil e Bethânia nos mostram que consistência, identidade e verdade constroem algo muito mais duradouro: uma relação afetiva com o público. Eles não são apenas artistas — são patrimônio cultural vivo. E assistir a um show deles é mais do que entretenimento: é um ato de reverência à história da nossa música.
O fenômeno nos mostra que o passado não deve ser tratado como algo ultrapassado. Muito pelo contrário: ele pode — e deve — ser fonte de inspiração, aprendizado e emoção. E isso vale para a arte, para os negócios e para a vida. O antigo não é sinônimo de obsoleto, mas de consolidado. De sólido. De memorável.
Como profissional do entretenimento, vejo nesse movimento um chamado à responsabilidade: precisamos criar experiências que emocionem, que tenham propósito e que resistam ao tempo. Não basta ser viral. É preciso ser essencial.
E aqui vai uma dica importante: há um enorme potencial em trazer esses grandes nomes para eventos e formatos exclusivos, onde o público possa vivenciar seus ídolos de maneira intimista, elegante e inesquecível. Espaços como o Roxy Dinner Show, por exemplo, têm o cenário perfeito para unir arte, gastronomia e espetáculo em experiências memoráveis. O futuro do entretenimento de alto nível passa também por saber valorizar — e reviver — o que já é eterno.