
Entretenimento como um Vetor Poderoso de Atração
- Turismo News
- há 5 dias
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Por Carlos Mugnaini
Há tempos o turismo entendeu que o entretenimento é um vetor poderoso de atração. Mas talvez nem todos tenham percebido que o esporte é, em si, uma das maiores formas de entretenimento da atualidade — e um motor silencioso (e potente) da economia do turismo — setor que movimentou aproximadamente R$ 8,4 bilhões no estado em 2024, segundo dados da ABEOC. No caso do futebol, por exemplo, estima-se que partidas de grande porte no Rio de Janeiro movimentem até R$ 10 milhões por jogo, gerando impacto direto em hotéis, bares, transporte e comércio local.
Prova disso é o calendário vibrante de eventos esportivos que transformam o Rio de Janeiro em um verdadeiro palco de experiências inesquecíveis. Desde clássicos no Maracanã, que lotam hotéis nas redondezas e atraem torcedores de outros estados, até eventos como a Maratona do Rio (60 mil inscritos, 85% de fora da cidade, R$ 320 milhões de impacto), ou o L’Étape Rio by Tour de France, que deve reunir 2 mil ciclistas e gerar quase R$ 500 milhões de impacto — são mais do que competições: são espetáculos.
Cada corredor que cruza a linha de chegada, cada camisa de time que colore o calçadão de Copacabana, cada bicicleta que corta a Niemeyer a toda velocidade representa mais do que um atleta: representa um turista, um hóspede em potencial, um consumidor cultural. Representa impacto econômico, ocupação hoteleira, consumo em bares e restaurantes, e sobretudo: vivência.
Esses eventos movimentam hotéis, fazem crescer a procura por guias e experiências personalizadas, incentivam o setor de entretenimento e criam oportunidades únicas de ativação para marcas e destinos. Não é à toa que grandes grupos hoteleiros já colocam o calendário esportivo no centro de suas estratégias de marketing e vendas.
Mas para além da lógica comercial, há uma conexão emocional. O esporte entretém porque inspira. Porque une. Porque ativa a memória afetiva e mobiliza públicos diversos. Um gol, uma chegada triunfante, um pódio — tudo isso gera lembranças, postagens, histórias que atravessam fronteiras.
O desafio está em entender esse universo como parte indissociável da cadeia do turismo e do entretenimento. Integrar programações, antecipar demandas, propor experiências que ampliem a permanência dos visitantes e gerem valor para a cidade.
Como especialista em entretenimento e hotelaria, afirmo com convicção: é preciso tratar o esporte como parte estratégica do planejamento turístico. Porque sim, o esporte é espetáculo — basta ver as iniciativas de transformar grandes partidas em superproduções, com shows de abertura e encerramento (como nas Olimpíadas do Rio, em 2016, com direção de Abel Gomes), além de ativações ao estilo da NFL, como shows no intervalo, ou entradas performáticas ao estilo NBA — recursos que começam a ganhar espaço em jogos no Maracanã e outras arenas brasileiras. E espetáculo precisa de público, palco — e bastidores bem preparados.
Que venham os eventos, os atletas e os aplausos. A cidade está pronta. Ou pelo menos, deveria estar.